Bárbaros e o Reino dos Francos
A
palavra bárbaro tem, historicamente, um significado diferente do atual. Para os
romanos, bárbaros eram aqueles povos que não falavam a língua latina e não estavam
subordinados ao seu império. Assim, esses povos podem ser definidos como os não
romanos, os que se encontravam além das fronteiras romanas.
As migrações bárbaras
Os
imperadores romanos do século IV, lutando contra a decadência do império,
permitiram que os povos bárbaros, especialmente os germanos, nele se fixassem
como aliados (soldados, colonos, operários, etc.). Mas, além da chegada
pacífica, os bárbaros muitas vezes se introduziram no império de forma
violenta.
As
migrações bárbaras foram seguidas de outras invasões à Europa Ocidental, o que
ativou o processo de ruralização que se iniciara no Império Romano. O ápice
desse processo foi a montagem da ordem feudal. A partir do século V, o modo de
produção feudal foi se impondo cada vez mais até se tornar “alto” – daí a
denominação de “Alta Idade Média” dada a esse período.
Resumindo,
seriam as seguintes as conseqüências básicas das migrações bárbaras:
Fragmentação
do Império Romano
Fundação
de vários reinos cristãos, com a conversão dos bárbaros.
Impulso
dado ao feudalismo pelas instituições bárbaras, em virtude da decadência do
Império Romano e da ruralização.
Abandono
da língua latina, substituída pelas línguas bárbaras (francês, inglês, línguas
eslavas, etc.).
Na
fase final do Império Romano, tribos germânicas se instalaram no norte da
Itália e no centro atual França, originando o Reino dos Francos, que se tornou
o reino mais importante da Alta Idade Média europeia, transformando-se num
império semelhante ao dos romanos, embora com características bem diversas e
comprometido com a formação do feudalismo.
Houve
duas dinastias (poder pela família) que governou o reino franco: merovíngios e
os carolíngios.
Os Merovíngios
A
primeira dinastia dos francos, os merovíngios, deve seu nome a Meroveu, herói
franco na Batalha dos Campos Catalúnicos, contra os hunos de Átila. Contudo,
considera-se Clóvis, neto de Meroveu, o responsável pela criação do Estado
franco.
Clóvis
venceu os romanos, os alamanos, os búrgundios e os visigodos, conquistando um
vasto território. Após a batalha de Tolbiac, em que venceu os alamanos, Clóvis
converteu-se ao cristianismo, sendo batizado na catedral de Reims, por São
Remígio. Graças a essa conversão, Clóvis ganhou o apoio do clero católico e da
maior parte da população da Gália. Após a sua morte, o reino foi repartido
entre os seus herdeiros, até que, com Dagoberto, foi estabelecido que o reino
teria sempre um só sucessor.
Depois
de Dagoberto, os reis francos foram perdendo sua formação e se sujeitando à
autonomia dos senhores feudais. Esses reis são conhecidos, na história
francesa, como os “reis indolentes”. Nessa época, as rédeas do poder passaram
para as mãos dos prefeitos (ou mordomos) do palácio, que eram verdadeiros
primeiros-ministros. Entre esses prefeitos destacou-se Carlos Martel, que
impediu a expansão dos árabes na Europa, vencendo-os em Poitiers (Pireneus), em
732.
Os Carolíngios
O
filho de Carlos Martel – Pepino, o Breve – aproveitando-se do prestígio de seu
cargo de prefeito e obtendo o apoio do papa, depôs Childerico III, o último
soberano merovíngio, no ano de 751. Assim se iniciou a dinastia carolíngia
(cujo nome se deve a seu maior expoente, Carlos Magno). Em retribuição ao apoio
na luta contra os lombardos, dando ao papado o território de Ravena, com o qual
tem início a autoridade temporal do papa.
Em
768, Carlos Magno assumiu o trono, tendo governado até 814 e tornando-se o
maior imperador da Alta Idade Média. Após expandir as fronteiras do império,
Carlos Magno foi coroado, no ano 800, pelo papa Leão III, como imperador do
Ocidente, surgindo assim, a idéia do renascimento do Império Romano do
Ocidente.
Carlos
Magno se uniu a igreja, dando terras em troca de aprovação de mais pessoas, deu
terras á duques, marquesas e condes, mas eles deveriam contribuir naquela
terra. Para vigiar, foi nomeado um “supervisor” chamado – MISSI DOMINICI.
A divisão do império
Com
a morte de Carlos Magno, o trono foi ocupado por seu filho, Luís, o Piedoso,
que se casou duas vezes, tendo três herdeiros: Luís, o Germânico; Lotário; e
Carlos, o Calvo. Em 843, finalmente, pelo Tratado de Verdun, ficou resolvido o
problema da partilha do império, que foi dividido em três partes: a Germânia
para Luís, a Itália para Lotário (Lotaríngia) e a França para Carlos.
Em 911, com a ascensão do duque da Saxônia,
extinguiu-se na Germânia, a dinastia carolíngia. Em 987, com a coroação de Hugo
Capeto, os carolíngios deixaram de reinar na França. Pouco a pouco, o império
foi sendo desmembrado, desaparecendo lentamente a obra do seu fundador.